Ciências exatas: há mulheres na área…mas poderia ter (muito) mais!

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Depoimento de quem já está no mercado revela que há um mundo de oportunidades à espera das futuras profissionais

Engenharia não é “coisa de homem”

Dia das Mulheres na Engenharia, celebrado em 23 de junho, foi criado para estimular carreira feminina na área e a diversidade de gênero nas empresas

Você sabia que as profissionais que atuam na área de engenharia possuem um dia comemorativo só para elas? Sim, o dia 23 de junho foi estabelecido como o Dia das Mulheres na Engenharia pela Women’s Engineering Society (WES), uma ONG do Reino Unido criada para inspirar cada vez mais mulheres a se dedicarem a esta carreira tão fundamental e estimular a diversidade de gênero nas empresas.

Por aqui, pesquisas mostram que elas têm maior grau de instrução que os homens e seu acesso ao ensino superior também segue essa linha, mas ainda estão em minoria nos cursos de ciências exatas, enfim, a contradição! Os dados são da segunda edição do estudo Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil, divulgado pelo IBGE, que reúne informações sobre a condição de vida das brasileiras em 2019. Entre a população com 25 anos ou mais, 19,4% das mulheres e 15,1% dos homens apresentavam curso superior completo naquele ano, tendência que vem se mantendo na última década, com números de 14% e 10,9% respectivamente em 2012. Mas basta verificar que o índice de matrículas das alunas nos cursos de engenharia é de apenas 21,6% e no de tecnologia, de 13,3%, para perceber que ainda há muito mais espaço a conquistar em carreiras que, tradicionalmente, sempre foram associadas aos estudantes do sexo masculino. 

Segundo a coordenadora do curso de engenharia do Centro Universitário UniMetrocamp, Ivete Faesarella, há 30 anos atrás, quando cursou Engenharia Mecânica, em São Carlos, era a única mulher entre 30 homens. “Embora tenha sido sempre muito bem acolhida pelos meus colegas, era sempre a “diferente” na sala. Nas minhas aulas, atualmente já temos outra realidade. Outro diferencial é que hoje, temos mais professoras lecionando nos cursos, o que facilita o acolhimento a estas alunas, explica Ivete. 

Para a engenheira de produção Elisabete Leite, as mulheres que se identificam com a área não devem deixar de perseguir suas metas e realizações, independente dos homens ainda serem maioria nas salas de aula e nas empresas. A profissional, que concluiu o curso de Engenharia de Produção no Centro Universitário UniMetrocamp em 2017, acredita que atualmente as mulheres já competem de igual para igual. “Não enfrentei nenhuma dificuldade por gênero, nem durante a formação e nem no exercício profissional, acho que hoje os desafios estão mais ligados às habilidades técnicas e emocionais que todos precisam ter, e a experiência se adquire no dia a dia, não tem porque existir preconceito pelo fato de uma mulher estar no mercado de trabalho desempenhando a mesma função que um homem”, ressalta. 

“Hoje, na própria empresa em que trabalho, a IBM, muitas mulheres ocupam cargos de destaque, milhares são formadas em carreiras técnicas, com grandes responsabilidades”

Na visão de Elisabete, as mudanças sociais e de valores nos últimos anos foram um grande divisor de águas em relação ao desenvolvimento profissional feminino. “Um filme que mostra bem isso é o Estrelas além do tempo, que conta a história de mulheres negras que trabalharam na NASA, foram visionárias, extraordinariamente inteligentes e além do seu tempo, puderam contribuir para que o homem fosse à lua, apesar de todo o preconceito que sofreram”, diz. “Hoje, na própria empresa em que trabalho, a IBM, muitas mulheres ocupam cargos de destaque, milhares são formadas em carreiras técnicas, com grandes responsabilidades”, revela a engenheira que, inclusive, responde pelos serviços logísticos da IBM da América Latina, atendendo como compradora internacional a oito países na negociação de contratos, atendimento a demandas de clientes internos e revenda de equipamentos. “Vejo que estamos mais engajadas, infinitamente capacitadas, dividindo nosso tempo entre casa, trabalho e outros cursos de formação e, o mais impressionante, dando conta de tudo isso”, diz.

“Vejo que estamos mais engajadas, infinitamente capacitadas, dividindo nosso tempo entre casa, trabalho e outros cursos de formação e, o mais impressionante, dando conta de tudo isso”

Cursar engenharia era um sonho antigo de Elisabete, mas ela não tinha ainda ideia de qual campo seguir, até encontrar o curso de Engenharia de Produção do Centro Universitário UniMetrocamp. “Já trabalhava na IBM desde 2012 e vi que podia aproveitar todos os aprendizados na minha função, sobretudo no que diz respeito ao planejamento produtivo e logístico, entre outros conhecimentos adquiridos, que expandiram minha visão e maneira de pensar, considerando que é um curso mais técnico e relacionado ao uso de tecnologia”, acrescenta. “Percebi ali grandes oportunidades para desenvolver projetos e trabalhar com melhoria de processos, e se hoje pudesse voltar atrás, faria tudo de novo”, afirma. 

Para quem ainda tem dúvida, a engenheira lembra que, tanto para mulheres quanto para homens, não existe curso fácil ou difícil, e sim a vontade de vencer e o amor empenhado naquilo que está se propondo a fazer. “Foi assim que afastei qualquer receio de não ser capaz por ser um ‘curso que exige muito’, como outro qualquer, e a cada semestre o envolvimento era tão grande que não tinha como não me apaixonar por uma carreira tão ampla, que agrega conhecimentos de ciências exatas, gestão de pessoas, qualidade, gestão financeira e econômica”, conclui Elisabete. 

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