No mês mundial de prevenção ao suicídio, quando acontece a campanha Setembro Amarelo, em nível global, duas faixas etárias chamam a atenção: idosos e jovens. De acordo com os últimos dados divulgados pelo Ministério da Saúde, referentes a 2017 cinco suicídios ocorrem a cada 100 mil brasileiros de qualquer idade. Quando levado em consideração os idosos, o número sobe para nove. Já entre os mais jovens, o número assusta pelo crescimento que vem apresentando: segundo dados de 2019 da Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é a segunda causa de morte mais frequente entre pessoas de 15 a 24 anos.
“São casos preocupantes e que pedem abordagens diferentes porque são públicos com perfis muito distintos. Na juventude, muitas vezes, as situações estão vinculadas às dificuldades de se situar, de encontrar perspectivas, sentido em relação a como dar vazão aos próprios interesses, ou a ser aceito socialmente, ter que enfrentar o julgamento de grupo. No caso dos idosos são outros processos, o que inclui outra etapa de desenvolvimento e podem estar atrelados à questão do ninho vazio, perda de identidade, que normalmente é vinculada ao âmbito do trabalho ou até mesmo às condições de saúde e questões relacionais”, explica a psicóloga Larissa Leite Barboza, professora da faculdade Martha Falcão e coordenadora do Centro de Atendimento Psicológico (CAPSI).
O fenômeno do suicídio, por si só não tem explicação simples, segundo ela, e vem sendo estudado há muito tempo. A diferença é que, atualmente, com campanhas como as do Setembro Amarelo, é possível que as pessoas aprendam a observar e identificar possíveis sintomas e ajudar quem precisa de alguma forma. “A importância do Setembro Amarelo é que ajuda toda a sociedade a estar mais atenta a quem não consegue pedir ajuda e já está chegando aos seus limites”, explica.
Para promover a conscientização das pessoas e contribuir com o conhecimento, a faculdade Martha Falcão promove, até o dia 30.09, programação gratuita voltada ao tema. No primeiro evento, no último dia 16.09, a psicóloga Patrícia Karolina abordou o tema da Ansiedade, à luz da abordagem cognitivo comportamental, tratando sobre diferença entre ansiedade normal e transtorno de ansiedade e como identificar a doença através dos sintomas e formas de controlar a ansiedade.
De forma seqüencial, o evento do último dia 23.09, trouxe a psicóloga Raquel Rodrigues, especialista em inteligência emocional, falando sobre Depressão, como identificar, diferenciar e quando tratar.
Já no dia 30.09, o psicólogo da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), André Braule, doutorando em Psicologia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), abordará o tema “Precisamos falar sobre suicídio”.
Redes sociais
As redes sociais são uma “faca de dois gumes”, segundo aponta a professora Larissa Leite Barboza. Ao mesmo tempo em que há um alcance maior quanto à conscientização do problema, elas também podem acabar influenciando na visualização de processos que são incompatíveis com a realidade do sujeito.
“Se comparar com outra pessoa é uma coisa que sempre aconteceu: se perguntar aos nossos avós, bisavós, eles certamente darão esse testemunho. No entanto, esse bombardeio de informação nunca foi tão intenso quanto foi agora. Também pode ser uma fonte de angústia quando não adequadamente filtrada e potencialize sentimentos com os quais a pessoa não consegue lidar de forma própria e que podem levar a essa mesma condição de ideação”, explica.