Pense rápido: o que define um atendimento médico de qualidade? Talvez, a primeira resposta que venha à mente de muita gente seja o conhecimento técnico e científico do profissional. Isso é imprescindível, mas é preciso considerar também a realização do serviço baseado na Medicina humanizada.
Estamos falando de um conceito que vem ganhando cada vez mais força, inclusive fazendo parte da grade curricular das faculdades de Medicina, e que só traz benefícios, tanto para médicos como para pacientes e instituições de saúde.
Quer saber mais sobre o assunto? Acompanhe nosso post e compreenda o que significa Medicina humanizada, quando ela surgiu no país, sua importância e como é praticada na rotina médica. Boa leitura!
Afinal, o que é Medicina humanizada?
De forma resumida, é uma abordagem em que o médico oferece uma atenção integral ao seu paciente. Assim, trabalha com o atendimento individualizado, considerando a fragilidade, medos, queixas, histórico de saúde, estilo de vida e até crenças da pessoa para que ela possa ser respeitada, ouvida e se sinta acolhida ao procurar o serviço de saúde. Nesse sentido, busca estreitar e construir uma relação de confiança entre médico e paciente.
Quando se fala da humanização na saúde, é preciso considerar que ela começa desde o primeiro momento em que o paciente vai buscar atendimento, como a ligação telefônica que ele faz para a clínica para marcar uma consulta ou tirar uma dúvida. Por isso, não é um compromisso que apenas o médico deve ter, mas também toda a sua equipe.
Quando esse conceito ganhou força no país?
O Ministério da Saúde passou a incorporar o conceito de humanização nas políticas públicas do Sistema Único de Saúde (SUS) em 2000, sendo que, em 2003 foi lançada a Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde (PNH) ou HumanizaSUS.
A ideia era modificar a relação dos profissionais de saúde com o paciente, focando na atenção integral, ou seja, no indivíduo como um todo e não apenas na sua doença. Dessa maneira, é uma estratégia que partiu do setor público, buscando melhorar o atendimento da população.
Qual é a importância da humanização na saúde?
Essa abordagem traz impactos positivos no atendimento médico, e é por isso que os estudantes de Medicina devem conhecer e colocar em prática a Medicina humanizada nos atendimentos em clínica-escola, nos estágios e, depois de formados, na residência médica e em sua rotina de consultório e hospital na especialização que seguir.
Então, além das matérias teóricas e aulas de laboratório da faculdade, é importante que os alunos tenham a sensibilidade para desenvolver um olhar e uma postura acolhedores em relação aos pacientes. Precisam entender que cada pessoa é única e merece uma atenção individualizada.
É que, quando o paciente se sente confortável, acolhido e passa a confiar no médico, ele consegue descrever melhor o que sente, facilitando o diagnóstico. Isso sem contar que, com essa atenção integral, a pessoa fica mais engajada no tratamento prescrito, o que também traz melhores resultados.
Para as instituições de saúde, a Medicina humanizada é a garantia de oferecer um atendimento mais completo para os pacientes. Desse modo, assim como as medidas de responsabilidade social, torna-se um compromisso da entidade e dos profissionais: o de respeitar e oferecer um olhar integral para o público.
É preciso destacar ainda que o atendimento acolhedor faz a pessoa se sentir satisfeita, ou seja, acaba sendo também uma estratégia de fidelização do paciente, que vai voltar a procurar o mesmo atendimento em caso de qualquer problema ou para fazer o check-up médico.
Como a Medicina humanizada é praticada no dia a dia da profissão?
Todas as etapas do atendimento médico devem adotar medidas baseadas na Medicina humanizada. Aliás, é uma postura que atende aos preceitos éticos da profissão. Assim, na rotina da carreira médica, essa abordagem aparece em diferentes situações, como:
- conversar com o paciente olhando no olho, com o cuidado de se referir a ele pelo nome;
- realizar as consultas sem pressa e sendo sempre cordial com as pessoas e a equipe;
- transmitir confiança e segurança na consulta ou na realização de qualquer procedimento ou exame;
- ter empatia para saber se colocar no lugar do outro;
- passar as informações de maneira clara e detalhada, evitando palavras muito técnicas, e perguntando ao paciente se ele ficou com alguma dúvida;
- ter atenção às queixas que a pessoa leva para o consultório;
- saber ouvir o que o paciente ou seu acompanhante tem a dizer;
- ser transparente quanto às etapas do plano de tratamento;
- explicar em detalhes como deve ser o uso dos medicamentos prescritos na receita;
- levar sempre em conta o emocional do paciente e dos familiares, especialmente no momento de informar sobre um diagnóstico de doença mais grave ou outro problema;
- respeitar a intimidade dos pacientes;
- organizar a agenda para não deixar as pessoas esperando muito tempo para passar pela consulta;
- estar disponível para o atendimento pós-consulta em caso de qualquer dúvida do paciente.
Desenvolvimento das soft skills
Para ter essa postura no trabalho, o médico precisa desenvolver as soft skills, que são aquelas habilidades ligadas ao comportamento. Isso porque não é apenas ter o conhecimento aprofundado sobre uma doença e seu tratamento e sim ter um olhar mais sensível para o paciente.
Dessa forma, é importante que ele tenha inteligência emocional para que consiga compreender o lado emocional do outro. Mas não é só: exercer a resiliência no trabalho também vai fazer a diferença, pois o médico vai aprender a lidar melhor com todos os desafios, dificuldades e frustrações da profissão sem transmitir qualquer aborrecimento para seus pacientes.
O intuito deste post foi explicar por que é essencial que a Medicina humanizada faça parte da conduta dos médicos de diferentes especialidades, seja no serviço público ou privado. É uma forma de melhorar o relacionamento com o paciente, transmitindo confiança e considerando que ele merece uma atenção integral quando procura o atendimento na saúde.