Se há um assunto que com toda certeza interessa os futuros estudantes de Medicina é o uso do jaleco. Afinal, há quem limite a utilização deles a locais específicos, enquanto outros o vestem em espaços públicos. Para completar, há até mesmo estados, como é o caso do Rio de Janeiro e de São Paulo, onde é proibido por lei — a nº 8.626/19 no RJ e a nº 14.466/11 em SP — o uso dele fora dos ambientes hospitalares.
Diante desse cenário, surgem dúvidas e incertezas sobre essa peça que não só marca o avanço dos universitários ao longo do curso — indicando, por exemplo, que eles se encontram no internato —, como também funciona como um símbolo do que os aguarda ao saírem da faculdade e entrarem no mercado de trabalho.
Por esse motivo, trouxemos um post para esclarecer o tema e ajudá-lo a entender de uma vez por todas tudo a respeito da utilização do jaleco. Acompanhe!
O jaleco médico é um EPI?
Um EPI nada mais é do que a abreviação dada aos Equipamentos de Proteção Individual. Ou seja, um material utilizado por profissionais da saúde — e aqui são incluídos não só os médicos, mas também nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, farmacêuticos etc. — para reduzir os riscos de:
- contaminação causada por fungos, bactérias e vírus;
- contato com substâncias líquidas suspeitas que podem ter origem química;
- exposição aos fluidos e secreções corporais dos pacientes, o que inclui não apenas sangue, mas a saliva, a urina, o suor etc.
Qual é a relação do jaleco com a segurança do médico e do paciente?
Como se trata de um EPI, o jaleco vai ser de grande importância para diminuir as chances de você ser infectado durante um atendimento ou socorro prestado a um paciente.
Além disso, ele funciona como uma barreira no seu corpo, impedindo que os germes presentes no ambiente fiquem na superfície das suas roupas e na pele dos seus braços, já que isso pode levá-los a se espalharem em outros locais (como o seu carro) e fazerem eles chegarem a outras pessoas (como seus amigos e familiares).
Porém, não acaba aí. O jaleco também faz a proteção reversa, evitando que possíveis bactérias, vírus e fungos passem das suas roupas e da sua pele para os pacientes. Algo que é essencial, já que eles, em muitos casos, estão com a saúde debilitada e uma nova contaminação pode agravar bastante o quadro clínico que apresentam.
Onde o jaleco deve ser utilizado?
Para quem é estudante e ainda não está no internato, o uso do jaleco fica recomendado apenas para as aulas das matérias do curso de Medicina que acontecem em laboratórios.
Já para quem é interno e, em especial, profissional ativo na área, ele se torna recomendado para todo e qualquer ambiente hospitalar, seja ele público, seja ele privado. No entanto, eles não o utilizam em qualquer situação, viu?
Apenas no atendimento clínico, na realização de exames não-invasivos e no acompanhamento de pacientes internados, mas diagnosticados com casos leves. Em procedimentos cirúrgicos e acompanhamento de pacientes na UTI, por exemplo, o jaleco dá lugar à roupa privativa (também conhecida como pijama cirúrgico).
Quais são as boas práticas da utilização do jaleco médico?
O Conselho Federal de Medicina (CFM) não adota nenhuma norma específica sobre o assunto, mas indica como boa prática da utilização do jaleco que ele seja usado apenas pelo médico que está no exercício da profissão.
Se você não está trabalhando em uma instituição de saúde, não deve utilizar a peça. Além disso, ela deve permanecer no corpo do profissional durante todo o expediente, sendo tirado apenas nos momentos de refeição, descanso e fim do turno.
Há indicações de higiene para o jaleco?
Há várias indicações de higiene quanto ao jaleco, e muitas delas, inclusive, você já deve conhecer durante o dia a dia na faculdade de Medicina. Por exemplo, o médico não deve ter apenas uma peça. O recomendado é que você tenha várias, uma para cada dia de trabalho para que não seja preciso reutilizar a do dia anterior sem a devida higienização.
O número de peças será ainda maior se você trabalha em múltiplos lugares ao longo da semana, como postos de saúde, clínicas, ambulatórios, hospitais etc. Isso porque usar o mesmo jaleco nesses locais é abrir a porta para uma possível contaminação cruzada — que é quando um germe é transferido de um ambiente para outro, contaminando os demais por meio de um transmissor (no caso, o EPI).
A lavagem do jaleco também requer alguns cuidados. Ele não deve ser misturado com suas roupas e itens de cama e banho. É preciso sempre mantê-los em um cesto próprio e lavá-los separadamente.
O Código de Ética Médica define alguma regra para o uso do jaleco?
Para concluir nosso post, vale a pena falar sobre o Código de Ética Médica (CEM) que é o principal regimento da conduta do profissional formado em Medicina, tanto dentro quanto fora dos ambientes hospitalares.
Isso porque há quem se questione se ele dita alguma regra a respeito do uso do jaleco. Porém, a verdade é que não há uma menção explícita a essa peça na última versão dele veiculada em 2010 pelo Conselho Federal de Medicina.
O que há, de fato, é um artigo — para ser mais preciso, o 1º do capítulo III — que veda o médico de causar qualquer tipo de dano ao paciente que se caracterize como desleixo, descuido e/ou má aplicação de habilidade técnica, independentemente de ser ou não intencional.
Logo, a utilização irresponsável do jaleco em locais públicos inapropriados e a exposição de pacientes a ele — o que pode resultar em um agravamento do quadro clínico dessas pessoas por conta dos possíveis microrganismos que se acumulam na peça — pode, sim, ser enquadrado como um descumprimento desse artigo. Ou seja, é preciso ter atenção e cuidado com o seu jaleco!
Como você viu, o uso do jaleco está longe de ser algo complexo. Contudo, ele é um item presente na rotina do médico e que serve como proteção tanto para o profissional de saúde quanto para os pacientes. Portanto, deve ser utilizado por você de forma consciente e o principal: sempre respeitando as medidas de higiene. Isso evita problemas e mostra uma postura comprometida e respeitosa com a carreira escolhida.