A partir da década de 60, o padrão demográfico brasileiro passou (e ainda passa) por significativas transformações. A principal e mais evidente é o envelhecimento populacional.
Para se ter uma noção, em apenas 5 anos o número de idosos cresceu 18%, ultrapassando 30 milhões de idosos em 2017. Além disso, de acordo com uma pesquisa realizada pela FGV Social em 2020, 10,53% da população brasileira tem 65 anos ou mais.
Com uma breve análise desses pequenos intervalos de tempo, já é possível notar que o envelhecimento populacional corre em passos largos, alterando radicalmente a pirâmide etária.
Mas quais são os motivos que levam a esse fenômeno? E quais as consequências dessa longevidade ininterrupta? Para responder essas questões, é preciso analisar alguns eventos que influenciam no aumento da expectativa de vida em escala global.
O que é o envelhecimento populacional?
O envelhecimento populacional é, como o próprio nome sugere, o aumento demográfico do número de idosos. Esse aumento é demonstrado por meio da pirâmide etária, que é um gráfico formado por barras sobrepostas para organizar e relacionar a população total de uma região. Nessa pirâmide, as barras inferiores representam a quantidade de jovens, enquanto os adultos aparecem no meio e os idosos na parte superior.
Assim, a depender da demografia de cada país, a pirâmide etária é desenhada de diferentes formas, podendo ser classificada como Pirâmide Jovem, Adulta, Rejuvenescida ou Envelhecida. Por exemplo, a maioria dos países europeus apresentam a Pirâmide Envelhecida, com um número de idosos considerável e uma base (número de jovens) reduzida.
No Brasil, atualmente a população caracteriza-se pela Pirâmide Adulta. Ou seja, a maior parte da população está entre as faixas de 20 a 59 anos, apresentando também uma redução da base e um aumento do topo. Isso demonstra uma transição para o envelhecimento populacional.
Como é o processo de envelhecimento populacional no Brasil?
A partir da década de 60, o Brasil apresentou grandes alterações demográficas. A redução das taxas de natalidade e mortalidade são as principais causas do constante envelhecimento populacional.
Assim, a pirâmide etária brasileira passa por um processo de transição, reduzindo o ingresso de crianças e, consequentemente, impactando no número da população jovem. Por outro lado, há um aumento significativo da expectativa de vida, decorrente dos avanços científicos e da melhora na qualidade de vida, que leva a um aumento da população idosa e, inclusive, saudável.
Apesar do crescimento populacional brasileiro ser significativo, ocupando a sexta colocação dentre os países mais populosos do mundo, é preciso analisar que a queda na taxa de fecundidade é considerável ao longo dos anos, fator esse que também tem grande influência no envelhecimento populacional.
Enquanto na década de 60 o número médio de filhos por mulher era de 6,3, atualmente temos uma taxa abaixo da média mundial, contabilizando 1,7 filhos por mulher. Uma queda drástica, não é mesmo?
Por sua vez, o crescimento de idosos só aumenta, desequilibrando os índices demográficos, o que pode gerar algumas consequências, as quais veremos a seguir.
O que causa o envelhecimento da população brasileira?
O envelhecimento populacional é produto de diversos fenômenos concomitantes. Inicialmente, temos a redução da taxa de natalidade, que diz respeito ao número de crianças nascidas vivas no período de 1 ano.
Essa redução ocorreu devido:
- ao acesso a contraceptivos, que foi ampliado e facilitado;
- à inserção e maior participação da mulher no mercado de trabalho, que sobrepôs a antiga prioridade de ter filhos e constituir família;
- e também ao desenvolvimento de políticas públicas em prol do planejamento familiar.
Paralelamente, houve também uma redução significativa da taxa de mortalidade, decorrente dos avanços contínuos na ciência e na Medicina, desenvolvendo curas, melhores tratamentos e remédios mais eficazes, por exemplo.
Além disso, políticas públicas ampliaram o acesso à saúde com o objetivo de melhorar as condições de vida da população.
Pode-se citar também as melhorias sanitárias, a promoção de hábitos mais saudáveis e uma preocupação coletiva com o bem-estar. Todos esses fatores juntos, em maior e menor escala, impactam diretamente no índice demográfico brasileiro, levando ao iminente envelhecimento populacional.
Quais as consequências do envelhecimento populacional?
A principal e mais significativa consequência do aumento da longevidade é a redução da População Economicamente Ativa (PEA), que diz respeito à população que tem condições para trabalhar e contribuir para o sistema previdenciário.
Com o envelhecimento populacional, ocorre um desequilíbrio na balança econômica, visto que não há população economicamente ativa o suficiente para contribuir com aposentadorias e pensões. Assim, há uma pressão enorme sobre os sistemas econômico e previdenciário, sendo preciso pensar em reformas e projetos para equilibrar a pirâmide etária.
Da mesma forma, o governo deve criar medidas e programas que garantam o atendimento às necessidades básicas da população idosa, como investimentos em saúde pública, criação de espaços de convivência e casas de acolhimento, melhorar a acessibilidade urbana, dentre outras práticas para preservar a qualidade de vida dessa população.
Como resolver o envelhecimento da população?
Os órgãos governamentais precisam analisar com cuidado o envelhecimento populacional, apesar deste ser um fenômeno natural, visto que ele tem grande impacto na dinâmica social.
Nesse sentido, a fim de minimizar esses impactos, é preciso tomar algumas medidas, como reformar os sistemas previdenciários e, como dito anteriormente, aplicar políticas públicas que atendam às necessidades da população idosa.
No âmbito econômico, para sanar a falta de mão de obra, muitos países também fazem programas de incentivo à migração, no intuito de complementar a população ativa no mercado de trabalho.
Outra medida, inclusive muito utilizada em países europeus, é o incentivo ao aumento da taxa de natalidade, oferecendo até mesmo incentivos financeiros para que os casais tenham filhos.
No Brasil, o cenário ainda é de transição, mas o envelhecimento populacional cresce rapidamente e as estatísticas são gritantes. Assim, é preciso tomar medidas desde já para que a população não sofra com os impactos do desequilíbrio demográfico.
Após saber mais sobre o envelhecimento populacional no Brasil, o que acha de compartilhar essas estatísticas em suas redes sociais?